ANÁLISE CLIMÁTICA DE MARÇO
Em março de 2023, os maiores acumulados de chuva se concentraram em grande parte da Região Norte e Centro-Oeste, além de áreas do norte da Região Nordeste e entre Santa Catarina, Paraná e São Paulo, com volumes que ultrapassaram 150 mm, contribuindo para a manutenção dos níveis de água no solo e para o desenvolvimento inicial dos cultivos de segunda safra. Porém, os grandes acumulados de chuva também causaram atrasos na colheita de alguns cultivos de primeira safra. Já em áreas do centro-sul da Bahia, nordeste de Minas Gerais, além do norte do Espírito Santo e de Roraima, os volumes de chuva foram inferiores a 40 mm, impactando negativamente o armazenamento de água no solo e causando restrição hídrica às lavouras que se encontravam em fases reprodutivas. Nas demais áreas, os acumulados de chuva ficaram entre 90 mm e 150 mm.
Na Região Norte foram observados grandes acumulados de chuva, maiores que 200 mm, mantendo os níveis de água no solo elevados. Destaque para as áreas do nordeste do Pará e leste do Acre, onde os volumes de chuva ultrapassaram 400 mm. Já em Roraima, os volumes foram inferiores a 90 mm, causando redução do armazenamento de água no solo.
Na Região Nordeste, os maiores volumes de chuva foram registrados na faixa norte da região, com valores maiores que 120 mm, principalmente, em áreas do norte do Maranhão, onde as chuvas superaram 400 mm. Nas demais áreas do Matopiba, os volumes ficaram entre 120 mm em áreas do oeste da Bahia e valores maiores que 300 mm no norte de Tocantins, mantendo bons níveis de água no solo e favorecendo o desenvolvimento dos cultivos na região. Já na costa leste da região, os volumes foram superiores a 70 mm, enquanto em áreas centrais e do sul da Bahia, os acumulados foram menores que 70 mm, causando redução do armazenamento de água no solo, prejudicando os cultivos de primeira safra que se encontravam em fases reprodutivas, além do desenvolvimento das culturas de segunda safra.
Já na Região Centro-Oeste, com exceção de áreas do leste de Goiás e no Distrito Federal, foram registrados acumulados de chuva maiores que 150 mm. Em áreas do centro e norte de Mato Grosso, sul de Goiás e norte do Mato Grosso do Sul, os valores foram superiores a 300 mm, mantendo o armazenamento de água no solo em grande parte das áreas produtivas, favorecendo o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra, porém as chuvas intensas atrasaram a colheita e operações logísticas da soja.
Na Região Sudeste foram registrados volumes de chuva acima de 150 mm em áreas do sul da região, ultrapassando 200 mm em áreas do litoral de São Paulo. Essas condições também mantiveram os níveis de água no solo elevados, favorecendo o manejo e o desenvolvimento dos cultivos de primeira e segunda safra. Já em áreas do nordeste de Minas Gerais e norte do Espírito Santo, os volumes de chuva foram inferiores a 40 mm, causando ainda mais a redução do armazenamento de água no solo, prejudicando os cultivos de primeira safra que se encontravam em fases reprodutivas e o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra.
Na Região Sul, os volumes de chuva ocorreram em menor intensidade, porém foram maiores que 120 mm em grande parte da região, ultrapassando 200 mm em áreas do leste de Santa Catarina e litoral e norte do Paraná, mantendo a umidade no solo. Já no Rio Grande do Sul, os acumulados de chuva foram maiores, comparados ao mês anterior, porém não foram suficientes para a recuperação e manutenção do armazenamento de água no solo. Além disso, a má distribuição das chuvas e a ocorrência de temperaturas máximas altas, acima de 32 °C, mantiveram restrição hídrica aos cultivos de arroz, milho e soja, que se encontravam em floração e enchimento de grãos.
As temperaturas, especialmente as mínimas, em março ficaram dentro ou acima da média em grande parte do país, principalmente em áreas do centro-sul e na Região Norte. Já em áreas do leste da Região Centro-Oeste e sul da Região Norte, as temperaturas máximas ficaram dentro ou abaixo da média por conta dos grandes acumulados de chuva, associados à alta nebulosidade, principalmente no período da tarde. Além disso, foram também observados eventos de ondas de calor na Região Sul e em áreas do sul de São Paulo, bem como altas temperaturas no norte de Minas Gerais e sul da Bahia.
CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA
Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 5 de março e 1° de abril de 2023. Na parte Central do Pacífico Equatorial houve predomínio de anomalias próximas a 0 °C, chegando a valores de até 3 °C na costa oeste da América do Sul, indicando o aquecimento das águas na região e a finalização do fenômeno La Niña. Considerando a região do Niño 3.4 (área entre 170°W e 120°W), a anomalia média de TSM durante março apresentou tendência de aumento nos primeiros 20 dias do mês, chegando a valores próximos de 0 °C. Já no final do mês, a anomalia de TSM apresentou uma leve redução, permanecendo com valores em torno de -0,1 °C, indicando condições de neutralidade.
A análise do modelo de previsão do ENOS (El Niño – Oscilação Sul), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), indica o fim do fenômeno La Niña depois de quase três anos e que as condições de neutralidade devem permanecer até o início do inverno, com probabilidades superiores a 70%. Além disso, os modelos indicam uma possível transição para condições de El Niño a partir do trimestre junho, julho e agosto de 2023, com probabilidades maiores que 60%.
PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO ABRIL, MAIO E JUNHO DE 2023
As previsões climáticas para os próximos três meses, segundo o modelo do Inmet, são mostradas na figura abaixo. Em grande parte das Regiões Norte e Nordeste, com exceção de áreas do sul do Pará e do Tocantins, além de áreas pontuais do Piauí e da Bahia, o modelo continua indicando chuvas dentro ou acima da média climatológica, incluindo áreas do Matopiba e Sealba, principalmente em abril e maio. Esta condição poderá auxiliar a manutenção da umidade no solo e beneficiar as culturas de segunda safra na região, porém o excesso de água poderá afetar as operações de colheita dos cultivos de primeira safra.
Em grande parte das Regiões Centro-Oeste e Sudeste, com exceção de áreas do norte de Minas Gerias, os cultivos de primeira safra, em geral, foram beneficiados pelos bons acumulados de chuva e altos níveis de água no solo, observados nos últimos meses. Em áreas do Mato Grosso, as chuvas podem continuar dentro ou acima da média, e no Rio de Janeiro e Espírito Santo, os volumes de chuva podem ficar dentro da média climatológica. No entanto, a partir de abril, há previsão de redução do armazenamento hídrico por causa da diminuição das chuvas, que é característico da região, podendo afetar as culturas agrícolas, principalmente, as de segunda safra que já estiverem em estádios fenológicos sensíveis ou sob deficiência hídrica.
Na Região Sul, há previsão de chuvas dentro ou abaixo da média no Paraná e em Santa Catarina, porém os níveis de água no solo ainda poderão continuar altos devido aos altos volumes de chuva que foram observados nos últimos meses, podendo beneficiar o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra, além das fases finais dos cultivos de primeira safra. Já no Rio Grande do Sul, o modelo indica chuvas dentro ou ligeiramente acima da média em grande parte do estado, com exceção de áreas do extremo-sul, o que será importante para a recuperação do armazenamento de água no solo e o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra.
Em relação à temperatura média do ar, o modelo continua indicando que nos próximos três meses as temperaturas podem ficar dentro ou acima da média climatológica em grande parte do país, principalmente em áreas do Brasil Central e na Região Sul. Já na faixa norte da Região Nordeste, as temperaturas podem ficar dentro ou ligeiramente abaixo da média, principalmente em abril, em que podem ser causadas especialmente devido à alta nebulosidade e aos acumulados de chuva acima da média previstos no trimestre.
Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet https://portal.inmet.gov.br.
Clique aqui para baixar o 7° Levantamento da Safra brasileira de grãos 2022/23.
Fonte: 7° Levantamento – Safra 2022/23 – Conab