A maioria dos casos relatados é no período reprodutivo da soja
Impulsionados pelas condições climáticas e ambientais, os casos de ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) tem demonstrado significativo aumento na safra 23/24. Conhecida como uma das doenças fungicidas mais severas e devastadoras que acometem a soja, a ferrugem-asiática pode causar danos que podem representar perdas de até 90% da produtividade em casos mais severos (Godoy et al., 2023).
A doença é de difícil controle, podendo ocorrer em qualquer estádio do desenvolvimento da soja. Contudo, para que ocorra a infecção da planta, é necessária a presença do inóculo e no mínimo seis horas de molhamento foliar (água livre na folha), sendo que, o máximo de infecção ocorre com 10 a 12 horas de molhamento foliar (Henning et al., 2014).
Relacionando o fato às condições climáticas presenciadas no Sul do Brasil, onde o fenômeno El Niño tem contribuído para precipitações acima da média, a presença de esporos da doença tem possibilitado o aumento do numero da casos de ferrugem asiática no Sul do Brasil.
Atualmente, foram relatados 130 casos de ocorrência da doença no Brasil. Desses, 90 foram observados no Estado do Paraná, que lidera o Ranking, seguido pelo Rio Grande do Sul com 27 casos e Santa Catarina com 4 casos. No estado do Mato Grosso do Sul também é relatos de 4 casos da doença, enquanto que no São Paulo foram relatados 3 casos e em Minas Gerais 2 casos (Consórcio Antiferrugem, 2024).
Com relação ao período do desenvolvimento da soja, o maior número de casos durante a fase reprodutiva da cultura chama atenção. A maior ocorrência de ferrugem tem sido observada durante o estádio R5 (enchimento de grãos) (figura 2). Essa fase, é definitiva para a obtenção de boas produtividades, sendo que, é a fase onde ocorre o maior acúmulo de matéria seca nos grãos. Logo, fatores que afetem a produção e translocação de fotoassmilados para os grãos, podem impactar significativamente a produtividade da soja.
Figura 2. Casos de ocorrência de ferrugem-asiática por estádio do desenvolvimento da soja. Consórcio Antiferrugem (03/01/2024).
Dentre as principais estratégias para o manejo e controle da doença, o Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas, orienta que o manejo da ferrugem deve ser realizado preferencialmente de forma preventiva a ocorrência da doença. Além disso, boas práticas como a rotação de mecanismos de ação de fungicidas e a associação com fungicidas multissítios tem contribuído para o manejo e controle da ferrugem-asiática.
Conforme observado por Godoy e colaboradores (2023), quando comparada a eficiência de fungicidas sítio-específicos utilizados de forma isolada no controle da ferrugem-asiática, a adição de multissítios, aumenta de 7% a 14% o controle da doença, evidenciando a importância da adição de fungicidas multissítios em semeaduras tardias, com alta pressão de ferrugem para o manejo da doença.
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Referências:
CONSÓRCIO ANTIFERRUGEM. OCORRÊNCIAS. Consórcio Antiferrugem, 2024. Disponível em: < http://www.consorcioantiferrugem.net/#/main >, acesso em: 03/01/2024.
GODOY, V. C. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora Pachyrhizi, NA SAFRA 2022/2023: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 195, 2023. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1154837/1/Circ-Tec-195.pdf >, acesso em: 03/01/2024.
HENNING, A. A. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, ed. 5, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf >, acesso em: 03/01/2023.
Fonte: Maissoja